Evasão e abandono: o papel do transporte escolar como aliado para ajudar a combater esse problema.
- Frotus Sistemas
- 5 de jul. de 2020
- 8 min de leitura
Atualizado: 18 de fev. de 2021
Um dos motivos do transporte escolar no Brasil é facilitar e garantir o acesso à escola tanto aos estudantes da zona rural, como aos alunos da área urbana que vivem distantes das unidades escolares. Abaixo vamos explicar o que é a evasão e o abandono, mostrar o tamanho do problema e como ele afeta nosso país, apresentar algumas ações que podem ser realizadas para combatê-lo e qual o papel do Transporte Escolar nesse cenário.
Antes de qualquer coisa, é necessário saber a diferença entre evasão e abandono.
Evasão escolar é quando o aluno deixa de frequentar as aulas e começa a ter muitas faltas. Isso faz com que não consiga acompanhar o desempenho da turma e, por consequência, desista de ir para a escola durante o ano letivo. Já o abandono é quando o aluno não retorna mais para o estabelecimento de ensino no ano seguinte ou quando ele interrompe os estudos de vez.
Tanto para o problema da evasão quanto do abandono existem diversos motivos. Podemos citar alguns como a necessidade de trabalhar, a falta de interesse pelos estudos, dificuldades de aprendizado, doenças crônicas, deficiências no Transporte Escolar, falta de incentivo da família e até mesmo mudanças de endereço.

Mas qual o verdadeiro tamanho desse problema?
Segundo estudos, a evasão no Brasil é a terceira maior do mundo. Quase 25% dos alunos não concluem o Ensino Fundamental até os 16 anos e mais de 40% dos jovens não concluem o Ensino Médio até os 19 anos. Em uma lista de 100 países com melhor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), o Brasil é um dos últimos colocados, o resultado só não é pior porque fica na frente da Bósnia e das Ilhas São Cristóvão.
De acordo com o Ministério da Educação (MEC), em 2007, ano que teve início o programa "Caminhos da Escola", o Brasil tinha cerca de 17% dos jovens com idades entre 15 e 17 anos fora da escola. Já em 2017 (dez anos depois) essa proporção reduziu para 13%. Considerando que neste último ano o universo era de 10,5 milhões de matrículas, esse percentual seria aproximadamente 1,3 milhões de alunos.
Só que, para cada jovem que não completa o ensino médio, existe um custo muito alto. E esse custo afeta a sociedade diretamente. Primeiro, o jovem que não conclui o ensino médio recebe aproximadamente 18% menos de salário quando entra no mercado de trabalho. Segundo, apenas 9% do sistema prisional é composto por pessoas com ensino médio completo ou superior, ou seja, 91% são aqueles que não conseguiram concluir seus estudos. Terceiro, quase 80% das pessoas com esse nível de escolaridade consideram sua saúde boa ou muito boa.
Considerando esses três fatores relacionados à educação: emprego e renda, crime e violência e a saúde, um único jovem que NÃO conclui o ensino médio pode custar cerca de R$ 95 mil para o país. Agora, se calcularmos aquele universo de jovens que citamos acima (1,3 milhões) isso daria uma perda de quase 124 bilhões de reais, é o que revela um estudo do Insper (Instituição sem fins lucrativos, dedicada ao ensino e à pesquisa).
Em outro estudo "Consequências da Violação do Direito à Educação" realizado em 2020, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o Insper apresenta números ainda maiores. A perda de R$ 372 mil por jovem o que representaria um montante de R$ 214 bilhões anuais. Para efeito de cálculo, nesse texto, vamos considerar os números do parágrafo anterior que já são extremamente significativos.
Vimos que a evasão e o abandono podem ser causados por diversos fatores e que dão um prejuízo gigantesco ao Estado. Por isso, é importante cuidar e combater esse problema lá na raiz. Intervir enquanto ainda há tempo: dar a devida atenção aos anos iniciais, redobrar o cuidado nos anos finais do fundamental e criar políticas para o ensino médio, quando os índices são ainda maiores. Tudo isso sempre mantendo a proximidade com as famílias, é claro!
Então, o que poderia ser feito?
Hoje em dia existem tecnologias para acompanhamento da frequência de um aluno, tanto em sala de aula como a partir do momento em que ele entra no veículo escolar. Os gestores podem saber se um determinado aluno faltou à escola 2 ou 3 dias consecutivos ou ele tem apresentado um índice de faltas aleatórias, por exemplo. Esses dispositivos de tecnologia "avisam" os gestores em tempo real que, por sua vez, podem realizar desde uma ligação, uma visita ou acionar o Conselho Tutelar.
Outra medida, um pouco mais delicada, seria aumentar o número de escolas para ofertar um maior número de vagas e garantir o acesso de maneira mais fácil, mais aproximado. Atualmente, milhares de alunos precisam percorrer distâncias cinematográficas e ficar horas e horas fora de casa, acordar na madrugada e voltar para casa tarde da noite para poderem estudar. Conseguir usufruir do direito à educação no Brasil não é nada simples para muitos jovens.
O programa Caminhos da Escola é uma grande ajuda para esses milhares de alunos, pois transporta e tem por objetivo garantir a permanência dos estudantes no ambiente escolar. Em 2012 existiam mais de 50 milhões de estudantes matriculados na rede pública. Deste total, cerca de 9 milhões usavam ou dependiam do transporte público. O curioso é que um dos meios usados na época era a tração animal. Sim, haviam alunos que precisavam ir à cavalo para escola.
Daí a importância de melhorar ainda mais a oferta do Transporte Escolar. Isso é essencial para manter os alunos frequentando as aulas. Os gestores precisam tirar da cabeça a ideia de que um aluno residente até 2km de uma escola não possa ter direito ao Transporte Escolar. Isso é um absurdo! Em um dia com muita chuva, esse aluno vai ir para escola? Provavelmente não! E naquele dia em que o calor está extremamente intenso? Vai ser necessário muita força de vontade!
Quando o aluno passa a faltar, fica atrasado em relação aos colegas e essa situação começa a formar o cenário ideal para a evasão. Se os gestores andassem a pé sob essas condições (chuva forte ou calor intenso) constatariam a dificuldade que os estudantes enfrentam. Qualquer gestor que passar por essa experiência, perceberá que os veículos escolares deveriam buscar cada aluno na porta de casa. Talvez alguns argumentem sobre a dificuldade logística para fazer isso, mas é algo fácil de fazer quando se faz uso de sistemas de gestão de rotas. A Frotus, por exemplo, automatiza tudo isso de maneira muito simples e eficaz.
Levando em consideração a questão pedagógica, é fundamental acompanhar o engajamento do aluno, sua evolução e aprendizado. Essa também é uma das causas do abandono. No entanto, nenhuma delas supera a necessidade de trabalhar, citada pela grande maioria dos jovens. Mas como coibir isso? Para combater esse problema, poderia ser criado um auxílio financeiro específico para esses jovens (tipo o bolsa-permanência), e ter como condição 99% de frequência na escola, por exemplo.
Crianças e adolescentes com idades entre 6 e 15 anos devem ter, no mínimo, 85% de presença nas aulas. Para jovens de 16 a 17 anos, a frequência mínima exigida é de 75%
Essa é uma das regras do Bolsa Família. Como será combatido a evasão, a queda no aprendizado e o acompanhamento saudável da turma, com toda essa flexibilidade? Não deveria haver flexibilização, faltas deveriam acontecer apenas em caso de enfermidade grave, deveríamos evitar política que incentive a ausência nas aulas. Estão dizendo aos jovens que em 200 dias letivos ele pode faltar 50. Fica difícil combater a evasão assim. Agora se houvesse um auxílio financeiro exclusivo e condicionado a presença em sala para recebimento no próximo mês, seria pouco provável que um aluno deixasse de ir à escola sem um motivo realmente forte.
E o dinheiro para criar mais um auxílio?
Recursos há de sobra. Se fosse evitado o desperdício daqueles 124 bilhões, seria possível pagar o auxílio e ainda sobraria dinheiro no final para destinar a outras áreas. Mas será que isso funcionaria? Claro que sim! Basta ver como o povo reagiu ao auxílio emergencial na época no coronavírus. Em plena pandemia as pessoas se aglomeravam em filas intermináveis para ter direito a esse recurso financeiro.
Um auxílio específico ajudaria a combater, automaticamente, outro fator causador da evasão: a falta de incentivo da família. Talvez hoje o estudante não receba muito incentivo em casa para frequentar a escola, mas se recebesse um auxílio financeiro, talvez não só se sinta estimulado como também receba apoio da família (mesmo que o foco inicial seja apenas não perder o recurso extra).
E em todo esse contexto, qual o papel do Transporte Escolar?
Segundo dados do INEP, em pesquisa realizada junto aos municípios, no Brasil, no período entre 2007 a 2014, a cada 1 mil alunos, aproximadamente cinco deixaram de evadir das escolas graças à suficiência de veículos escolares, em especial os ônibus escolares do programa Caminho da Escola, ou seja, algo em torno de 0,5%.
Analisando esses números fica evidente que o Transporte Escolar funciona, mas que precisa ser melhorado e melhor administrado. Um dos grandes problemas atuais é a falta de informações e dados precisos sobre o Transporte Escolar. Nesse texto estamos falando de números de 2003, 2007, 2012, 2014, 2017. E os números até 17 de março de 2020, data em que as aulas foram interrompidas, quantos alunos foram transportados especificamente nesse dia?
Quantos veículos estavam rodando, quantos foram para a manutenção? Quantos quilômetros percorreram? Quanto combustível foi gasto? Quanto de dinheiro precisou ser usado? Ninguém tem esses dados! Mais uma vez, nota-se a necessidade de usar sistemas de gestão para controlar tudo isso, para gerar economia e poder aumentar a oferta desse serviço sem precisar aumentar o investimento.
Para refletir: se começássemos a buscar os alunos em casa ao invés de deixá-los na chuva ou no sol forte, se ofertarmos esse benefício para mais estudantes, isso ajudaria ou não na redução da evasão escolar?
Quantos alunos são transportados então?
Já vimos aqui que evasão e abandono podem causar um prejuízo na ordem de R$124 bilhões. Para efeito de comparação, o Governo investiu entre 2007 e 2019 (doze anos de projeto) um valor de R$ 9,5 bilhões no "Caminho da Escola" com intuito de garantir o acesso à educação.
De acordo com o Censo escolar de 2018, o Brasil teve 48,5 milhões de matrículas. Considerando que em 2012 a taxa de alunos beneficiados pelo Transporte Escolar foi em torno de 18%, poderíamos estimar um percentual atual, algo em torno de 20% para efeito de cálculo, uma vez que, nesses sete anos os investimentos aumentaram e mais veículos foram entregues. Então, 2% parece algo justo e dentro de uma possível margem de erro.
Poderíamos estimar, então, que atualmente no país, entre 9 e 10 milhões de alunos sejam usuários do Transporte Escolar. Isso nos leva a pensar noutro ponto: qual seria o nível da evasão e do abandono se não existisse o transporte gratuito de alunos no Brasil?
Para exemplificar tudo isso, podemos citar o caso de Bom Jesus (RN) que transporta cerca de 1.400 alunos pelo programa. Segundo informações da Secretaria de Educação, a condução dos estudantes mudou drasticamente, o município efetuou a erradicação total do transporte de alunos com carros abertos e, além de nunca terem algum tipo de acidente com os ônibus, vem obtendo uma taxa cada vez menor de abandono escolar.
Por outro lado, já no estado do Piauí, em 2019, devido a problemas na contratação de empresas de transporte escolar, mais de 50 municípios foram afetados e diversos alunos ficaram fora da escola. Os índices de evasão aumentaram, o rendimento escolar baixou e as notas despencaram. Isso só reforça o quanto a relação transporte x evasão pode afetar a situação dos estudantes em um município, em um estado ou no país.
De acordo com tudo que foi discutido até aqui, vimos que aumentar a oferta do Transporte Escolar e melhorar a prestação desse serviço pode afetar positivamente a comunidade, reduzindo a evasão e o abandono. Isso, por sua vez, poderia levar ao aumento dos índices de conclusão dos estudos, impactando em menos gastos público e mudaria também às questões sociais.
Porém, para que tudo isso aconteça, é fundamental o investimento em tecnologias de controle (como a da Frotus), para otimizar, reduzir os custos e viabilizar novos projetos sem a necessidade de alocar novos recursos. Ou seja, é possível fazer muito mais com que já se tem hoje. Só que, para isso, é necessário ter visão, vontade, sair da zona de conforto e fazer uma gestão pensando não só no agora, mas no futuro dos cidadãos.
E aí? Gostou? É assim que impactamos na comunidade e podemos contribuir com sua gestão!
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