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Veículos elétricos no transporte escolar: a viabilidade dessa "tecnologia verde" no seu município.

  • Foto do escritor: Frotus Sistemas
    Frotus Sistemas
  • 5 de mar. de 2020
  • 8 min de leitura

Atualizado: 13 de abr. de 2021

Desde 2012 existem iniciativas e projetos funcionais sobre o Transporte Escolar Elétrico (TEE) nos Estados Unidos. No Brasil, ônibus convencionais movidos a eletricidade e energia solar já circulam em algumas cidades, mas isso seria viável ao nosso transporte escolar também?


Esse movimento global em busca de formas alternativas para substituir os combustíveis fósseis se dão em parte pelo conhecimento que estes combustíveis terão fim um dia e em parte pela preocupação e a conscientização que se tem hoje com a saúde do nosso planeta e daqueles que aqui habitam.


Pensando nisso, vamos abordar nesse texto como essa eficiência energética pode contribuir e impactar na diminuição da poluição e também como pode afetar positivamente a economia dos municípios. Além disso, vamos falar sobre alguns impeditivos e algumas ideias que podem ser adotadas para viabilizar um projeto desse porte, tornando os "TEE's" uma realidade até nos municípios menores.


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Uma das grandes vantagens na adoção do sistema de transporte elétrico é justamente o combate à poluição emitida, principalmente pelos veículos a diesel, uma vez que a emissão de gases poluentes e a poluição sonora causada pelo barulho do motor é zero nesse novo sistema. Estima-se que atualmente 75% da poluição do ar em zonas urbanas é decorrente da queima de combustível.


Um indivíduo que reside em grandes centros urbanos está em contato com ar poluído diariamente e isso impacta na sua saúde. A exposição continuada ao ar contaminado, enfraquece o sistema imunológico, podendo agravar doenças crônicas como hipertensão e diabetes, doenças cardiorrespiratórias e até mesmo aumentar os riscos de câncer de pulmão e bexiga.


Para exemplificar: é como se o morador de grandes centros fumasse 4 cigarros por dia!


E qual o resultado disso? Para se ter uma ideia, segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), somente na cidade de São Paulo morrem precocemente, em razão da poluição, aproximadamente 5.000 pessoas por ano. Esse número sobe para cerca de 50 mil mortes no Brasil e 7 milhões no mundo. Muitas dessas mortes poderiam ser evitadas com a diminuição da fumaça emitida pelos veículos em geral.


O impacto na saúde da população é tão grave, que por conta dessas doenças provocadas pela poluição há um aumento da lotação nos hospitais e postos de saúde e também a necessidade de mais profissionais para o atendimento (o que, por sua vez, culmina em um custo maior ao Estado). Somente a cidade de São Paulo gasta cerca de R$ 1,5 bilhão por ano no tratamento dessas mazelas.


Mais caro que investir em energia limpa é o custo continuado causado pelo uso de combustível fóssil. Tratar as doenças causadas pela poluição atmosférica é passível de precificação, como mostrado acima, mas o valor de uma vida custa quanto? Isso não tem preço!


Já é sabido que as frotas de transporte escolar no Brasil, ao menos uma boa parcela, são velhas, sucateadas e sem manutenção correta. Esse quadro agrava ainda mais a questão da emissão de gases poluentes. Segundo especialistas no tema, um único ônibus que rode 1.000Km/mês pode emitir até 1 tonelada de poluição.


De acordo com a Avaliação do Programa Caminho da Escola, nos últimos doze anos (desde que começou em 2007) houve uma redução em 15% do transporte inadequado em caçambas e picapes. Considerando que o governo disponibilizou nesse período cerca de 50 mil novos veículos, podemos concluir que ainda existe em nosso país uma frota inadequada de aproximadamente 330 mil veículos.

Isso significa que somente com a nossa frota do transporte escolar, que está ativa sem adequação, caso apresentasse uma média de rodagem de até mil quilômetros mensais, poderia emitir mais de 3 bilhões de toneladas de gases poluentes na atmosfera num período letivo.


A vida útil de um veículo escolar no país sempre foi regulamentada ou orientada e o prazo estipulado para o uso desses veículos, visando maior segurança, já foi de 7 anos (segundo cartilha do FNDE), depois passou para 10 anos e alguns projetos de lei atuais tentam regulamentar esse tempo em 12 anos para vans e até 15 anos para ônibus e micro-ônibus.


Não precisa entender muito de conta para perceber que em 12 anos o governo renovou 15% da frota. Considerando os prazos mostrados acima, nota-se que muitos desses veículos "novos" já precisam começar a ser substituídos, já estão com prazo vencido ou irão vencer em breve. Sem falar daqueles "mais de 300 mil veículos" inadequados que ainda circulam... Mas isso é assunto para uma outra hora.


Agora a questão é: seria viável um município ou mesmo o Governo Federal começar a renovar essa frota investindo em ônibus elétricos?

Segundo a empresa americana que implantou o sistema elétrico no transporte escolar da Califórnia (em 2012), a economia foi de 10 mil dólares anuais por veículo. Você acha pouco? Para analisar esses dados, precisamos entender a relação com o fim dos gastos com combustível e o investimento necessário para manutenção desses veículos.


Alguns especialistas dizem que a manutenção (peças e materiais) dos veículos elétricos é mais cara que a dos veículos a combustão em até 10%. Por outro lado, as montadoras afirmam que os custos com serviços podem ser reduzidos em até 30% e que os veículos elétricos têm menor probabilidade de apresentar defeitos. Algumas delas ofertam garantias de até 8 anos, inclusive.


Estima-se que o custo por quilômetro rodado seja aproximadamente um terço do que um veículo a combustão. Podemos considerar nesse "barateamento" a falta de um sistema de escape, a ausência da troca de óleo, filtros em geral, velas, seguro e impostos por exemplo, que também entram na composição do preço final (e que podem ser passíveis de incentivos, inclusive).


Se colocarmos na ponta do lápis todos os benefícios: veículos elétricos apresentam maior economia, não agridem o planeta com a emissão de gases, ajudam na saúde da comunidade, contribuem na redução dos gastos com internações e possíveis óbitos, são silenciosos, duram mais, etc., esse investimento já começa a fazer sentido.


Então, qual é o problema? Qual o motivo que retrai o mercado e impede que o governo possa investir numa frota elétrica para o transporte escolar?


Para começar a responder a essas questões, precisamos ver primeiro os custos estimados desses veículos. Um ônibus escolar à combustão, 0km, em 2019 poderia ser adquirido por até R$ 300 mil. No mesmo ano, a prefeitura de São Paulo fez o investimento em 15 novos ônibus elétricos (como parte de um novo projeto na zona sul) em que cada veículo custou aproximadamente R$ 1,4 milhões.


Com base nos valores acima e analisando o setor de maneira mais aprofundada, verificamos que o custo de um ônibus elétrico pode ser de duas a seis vezes o valor de ônibus convencional em média. Isso depende do modelo do ônibus e de cada licitação específica, é claro!


Por outro lado, segundo a empresa BYD, uma das responsáveis pelo projeto na capital paulista, um veículo elétrico pode apresentar uma economia de até 70% em relação aos custos de um modelo similar à diesel. Já falamos um pouco antes sobre os custos e vimos outros autores trazendo a referência sobre as possíveis economias.


Com base nesses dados, vamos fazer um cálculo "grosso modo" considerando aqui o período intermediário (dez anos de fabricação) previstos nessas regulamentações do transporte escolar e usando a referência de um veículo tradicional a diesel no valor de R$ 300 mil.


Se analisarmos todos os custos com as manutenções (preditivas e preventivas): peças, serviços, materiais, etc., o valor gasto anualmente por um ônibus a diesel pode chegar até R$ 75 mil. Isso se aplica a um veículo que tenha rodado algo entre 25 mil e 30 mil quilômetros por ano), ou seja, o custo estimado seria de R$ 750 mil em 10 anos.


Sendo assim, efetuando o investimento inicial (R$ 300 mil) em um ônibus escolar e somando a este custo mais as manutenções que o mesmo irá gerar ao longo da sua vida útil (R$ 750 mil), chegaremos a um total investido, em uma década, de R$ 1 milhão de reais aproximadamente.


Conforme estimativa da empresa BYD (do transporte elétrico), que aponta economia de até 70% nos custos de manutenção, poderíamos facilmente deduzir que, em 10 anos, ao invés de termos um custo na manutenção de cerca de R$ 750 mil com um veículo à combustão, teríamos um valor 70% menor, o que ficaria algo em torno de R$ 225 mil apenas.


Bem mais barato, concorda? Agora vamos fazer o mesmo cálculo anterior, só que com os valores estimados para os ônibus elétricos. Então, se o investimento inicial no ônibus (adquirido em São Paulo) foi de R$ 1,4 milhões a unidade e, sabendo que na próxima década serão gastos mais R$ 225 mil em manutenção, isso representaria um total investido de R$ 1,6 milhões aproximadamente.


Com base nesses cálculos, sem considerar os custos "intangíveis", a diferença de preço entre um ônibus a diesel e um ônibus elétrico é de aproximadamente R$ 600 mil. Talvez essa seja a principal barreira no momento. Claro que aqui estamos falando somente da questão financeira bruta. Mas, se considerarmos somente a economia com a saúde, por exemplo, esse valor poderia diminuir proporcionalmente.


Já vimos que a utilização de veículos elétricos é benéfica ao planeta e à população, ajuda a economizar e elimina os poluentes, mas, devido ao alto custo inicial, não é amplamente utilizada pelos governos.


Mas o valor não é o único impeditivo a ser superado.


Outros pontos que ainda precisam ser observados são a falta de estrutura nas cidades, a pouca eficiência enérgica dos elétricos (até 250km por carga), o mau uso do espaço viário, a alternativa ao lítio (que também é finito), a reciclagem das baterias, a menor quantidade de oficinas, a necessidade de terrenos e temperaturas apropriadas, assim como o pouco preparo dos gestores, são outras barreiras que dificultam esse acesso.


Quais medidas poderiam ser adotadas para superar esses desafios?


Contudo, para tornar todos esses pontos possíveis e permitir o uso continuado do sistema, os gestores (federais, estaduais e municipais) precisariam iniciar um bom planejamento (não apenas sair por aí comprando ônibus elétrico) para adequar e estruturar as cidades.


Em caso de fabricação nacional, seria necessário regulamentar o processo, pois não adiantaria emitir toneladas de poluentes para fabricar um veículo limpo. Seria necessário distribuir e disponibilizar pontos de recarga nas escolas ou nas rotas, pensar em como aproveitar a própria energia gerada pela rodagem para autocarregamento, usar mais energia solar, etc.


Outro ponto importante seria a criação de parcerias exclusivas com o Governo Federal que, por sua vez, poderia investir em novas tecnologias, oferecer incentivos fiscais aos municípios e promover parcerias com as empresas nacionais para oportunizar a fabricação interna. Em alguns casos, o governo importa o chassi e monta a carroceria aqui.


Em caso de inviabilidade de uma possível fabricação nacional, o governo poderia recorrer internacionalmente, talvez criar um fundo para receber aporte de países ricos, como já acontece com a questão da Amazônia. Afinal, esses países já investem para custear a preservação, evitar o aquecimento global, salvar o planeta. Eles poderiam investir também na renovação da frota do transporte escolar ou na estrutura das cidades com o mesmo intuito.


Buscar essas parcerias para melhorar a estrutura e contribuir com a renovação da frota de transporte escolar poderia ser uma opção, apesar de alguns governantes e empresários acharem isso uma utopia. De qualquer forma, iria requerer bastante esforço e muito boa vontade por parte das gestões. Não seria fácil e certamente daria muito trabalho!!


Claro, estamos falando aqui de projetos grandiosos, que para acontecer necessitam de muito trabalho ou jamais "sairão do papel". Uma alternativa para tudo isso seria não se preocupar com as questões estruturais nesse primeiro momento e focar apenas na substituição da frota. Para isso, seria imprescindível a negociação dos valores dos veículos junto aos fornecedores.


Tomando como base a lei do atacado e do varejo, vamos tentar uma forma mais simples de viabilizar esse projeto. São Paulo comprou quinze ônibus por R$ 1,4 milhões a unidade. E se fossem 50 unidades? E se fossem 200 unidades ou 1.500 ônibus? Quanto custaria cada um? Com certeza o preço baixaria.


Quanto deveria custar então um ônibus elétrico para fazer sentido esse investimento financeiro, até mesmo para um município?


Pelas informações trazidas até aqui, é fundamental uma negociação e a obtenção da diminuição nesse custo em ao menos R$ 600 mil. Nesse caso, a balança comercial se igualaria, sendo o mesmo gasto custeado em uma década para ambos os casos.


Portanto, comprar um ônibus elétrico por até R$ 800 mil já estaria valendo!


Mais uma vez, vale destacar que toda essa conta não considera os ganhos ou economias indiretas, como falado anteriormente. Qualquer valor menor que esses R$ 800 mil proporcionaria economias ainda maiores e ganhos dentro dessa vida útil estimada aos veículos do transporte escolar.


Com base no que foi visto até aqui, sem aprofundar muito nas questões estruturais, fica claro que seria possível e muito vantajoso o investimento em uma frota de transporte escolar elétrico. No entanto, para que isso seja viável, seria necessário não só muito empenho como também boa vontade por parte dos gestores.


E aí? Gostou? É assim que impactamos na comunidade e podemos contribuir com sua gestão!

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